domingo, 18 de fevereiro de 2018

Futebol: o jogo das vaidades

Texto publicado pela Revista D'Ávila
http://www.revistadavila.com.br/2018/02/futebol-o-jogo-das-vaidades/
                                               

                                                        

                                 Futebol: o jogo das vaidades


                                                                                Rosângela Silva
Tenho acompanhado a saga de alguns pequenos atletas em busca de reconhecimento e um lugar de destaque nos times de futebol infantis. Eles jogam, treinam, confiam nas palavras dos pais, seguem seus incentivos, se dedicam e sonham com a fama e a riqueza vindas dos campos de futebol.

Alguns pais apostam todas as suas fichas nos pequenos jogadores,  investem tempo e dinheiro na crença de que serão atletas famosos e viverão de futebol.

Nos campos os pais gritam, incentivam, brigam, inflam o ego e fica muito difícil ver o filho perder, ser substituído, ser cortado, ser comparado. Afinal o sonho do filho foi por eles semeado  e é também o seu sonho.
Nesse jogo, os pequenos são desafiados pelo desgaste, pelo despreparo físico, pela torcida, pelas frustrações,  pela família, pelos treinadores, pelos dirigentes dos clubes.
Treinadores não gostam de críticas, não se submetem ao julgamento dos pais, da mídia ou da torcida. E poderiam? E deveriam? Sim, deveriam estar preparados, pois ao se falar de futebol todos os torcedores são um pouco treinadores e críticos.
Se o treinador acerta o time, ganha, o ego infla. Se perde,  é questionado e o ego murcha. E vem as cobranças.
Pior fica, quando,  ao ser criticado,   mostra seu poder de técnico-treinador, com falta de critério e didática,  fazendo represálias ao jogador, deixando-o no banco, cortando dos jogos. Difícil julgar isso.
É certo que às vezes os pais se equivocam. É certo que às vezes a frustração dói. É certo que, por vezes,  as cobranças são injustas. É certo que, às vezes, o investimento dá retorno.
Dirigentes de clubes querem resultados, renda, querem valorizar os passes dos seus jogadores, querem lucros, querem seus alunos passando nas tenebrosas “peneiras”. Querem o clube no topo dos pódios,  lustrando  seu ego.
Inspirados por seus ídolos famosos, os pequenos aprendizes, adquirem as manhas do jogo, dos dribles, dos falsetes, das reclamações.
Também aprendem sobre o futebol-arte, sobre como encantar a torcida. Sobre como ser embaixador das ações positivas.
Podemos dizer que os campos e quadras são espaços  que representam e imitam a vida.
E nesse jogo de vaidades, nossos pequenos sonhadores precisam aprender a viver, especialmente até conseguirem responder a questão: Quanto vale o passe da humildade?

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