sexta-feira, 19 de maio de 2017

A ligação afetiva: mães e filhos

               
                                        A ligação afetiva: mães e filhos
                                                 
Rosângela Silva
http://www.revistadavila.com.br/2017/05/ligacao-afetiva-maes-e-filhos-rota-educacional/#

A ligação afetiva da mãe com o bebê  se inicia na vida intrauterina e perpetua por toda a vida. Esta ligação é tão forte que chega a definir as relações futuras da criança. Para a criança, a mãe,  muitas vezes é aquela  que sabe tudo, resolve, define, orienta. Esta troca afetiva é boa para ambas: o infante se sente protegido, prestigiado, amado e a mãe sente-se  forte, produtiva, capaz, um ser humano completo.
              Desde  o nascimento a mãe passa  a ser fonte de saciedade da fome, de segurança, de conforto e afeto. Suas respostas aos sinais  do bebê  fornecem  reforços positivos  e fortalecem o vínculo afetivo entre ambos.
              Logicamente aos poucos é preciso impulsionar o filho para a autonomia: chega a hora de desmamar, de estimular a engatinhar, a andar. Também é chegada a hora de voltar ao trabalho, de deixá-lo com a babá ou mandá-lo para a escola.
              Estes momentos de separação  são dolorosos, mas ensinam muito. A criança aprende a lidar com a frustração e angústia,  a curtir  o momento do reencontro ,  a perceber que a mãe  é uma pessoa distinta e separada de si, não sua extensão. A mãe aprende que precisa de tempo  e espaço para si, que tem que buscar satisfação pessoal e profissional.
                A carga afetiva  que liga mães e filhos é tão intensa em algumas relações que há dor e sofrimento na hora da punição e da cobrança, no distanciamento e na vigilância. Este duplo papel, de amar e cobrar é psicologicamente tão dolorido e amargo que, muitas vezes, impede as mães de agirem conforme a necessidade da situação, tornando-as demasiadamente “amolecidas” e não atuantes no papel de gerir  a educação.
              Os psicanalistas dizem que nos contos de fadas o papel  da mãe bondosa, calorosa, muitas vezes, se mistura com o da madrasta ou da bruxa, más e prepotentes. Nos contos de fadas as duas são uma só. Na vida assim também acontece. A mesma mãe que protege, ajuda, defende, muitas vezes é aquela que fica longe, cobra e compara.
              A mesma que estimula, incentiva, doa, conversa, às vezes se transforma naquela que dá tarefas, exige bom desempenho, corrige. A mesma que elogia, apoia, brinca, estende os braços, dá abraços é aquela que se enfurece, bate, estabelece consequências, castiga.
               Tudo isso porque as mães sabem ( ou deveriam saber) que para preparar adultos independentes e com  autoestima elevada é preciso rimar amor com rigor.

domingo, 7 de maio de 2017

A crise é moral

Todos os problemas que vivemos hoje têm sede na crise moral estabelecida em nossa sociedade.
  A sociedade é hedonista. Todos querem o prazer a qualquer custo. As pessoas pleiteiam seus diretos e negligenciam seus deveres. Crise moral.
  As famílias esqueceram seus valores, se dividiram, se desorganizaram, perderam o respeito uns pelos outros. Pais brigam devido à guarda “descompartilhada”. Pais trocam a convivência com os filhos por programadas divertidos, festas e comemorações. Filhos não reconhecem a autoridade dos pais. Crise moral.
  Na política vemos corrupção, mentira, trapaças, conluios. Entre Tiriricas e engravatados de fala bem articulada não sabemos em quem  confiar. Vergonha nacional . Crise moral.
  Os governantes desviam verbas, enchem malas e cuecas de dinheiro, fazem pactos em  benefício próprio, deixando de priorizar o atendimento básico aos menos favorecidos. Crise moral.
  Na polícia há falta de segurança, venda de privilégios, falta de ética. Crise moral.
  O crime organizado rouba os filhos dos pais e os transformam em soldados do tráfico. Jovens se vendem em troco de drogas e se afundam num caminho sem volta. Crise moral.
   A mídia forma valores distorcidos, vende falsas verdades, incita a violência e a vantagem dos mais fortes sobre os mais fracos. Crise moral.
 As propagandas mostram flashes da vida real, sempre colocando seus produtos acima de tudoNelas tudo é permitido: pode  enganar, pode mentir para os pais, pode desmerecer o outro,vale tudo para se dar bem. Crise moral.
  Nas novelas  basta uma cena para distorcer todo um conceito educativo trabalhado longamente  pelos pais. Crise moral.
  Nos clubes esportivos jogos são vendidos, juízes se corrompem, jogadores demitem  técnicos e patrocinadores ditam ordens. Crise moral.
 Nas escolas professores amedrontados fingem que não vêem as transgressões. Diretores acuados se rendem à chantagem de pais que acreditam estar defendendo seus filhos, quando na verdade estão reforçando seus erros e plantando a ideia de que podem tudo. A escola parece sozinha e com muitas atitudes e ações aprendidas pelas crianças e jovens para reverter. E solitária acaba se rendendo à força das famílias e do meio que dominam e vencem a parada. Crise moral.
 Mas haveremos de acreditar em dias melhores e que nem tudo está perdido.
 Haveremos de acreditar que há jeito para esse desarranjo todo.
 Haveremos de ser mais fortes que essa crise. Comecemos por melhorar os nossos arredores: nossa casa, nosso ambiente de trabalho, nossos filhos e amigos


Texto publicado na Revista D'àvila  
http://www.revistadavila.com.br/2017/04/crise-e-moral-rota-educacional/