sexta-feira, 18 de março de 2016

SER ESCOLA


O texto "SER ESCOLA" é o primeiro de uma  série de quatro textos que julgo sustentarem a rede de relações dentro do espaço escolar garantindo o entendimento das funções e atribuições de todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem. O primeiro texto “Ser escola” apresenta uma reflexão sobre as mudanças necessárias às escolas e a importância da coerência com sua proposta pedagógica. O segundo texto “Ser professor” elenca o papel desse profissional nos tempos atuais. O terceiro texto “Ser aluno” coloca em pauta a necessidade de conhecer o perfil do aluno e suas necessidades. Por fim, o último texto “Ser família do estudante” discute a participação das famílias impulsionando o sucesso escolar das crianças e jovens.

                                                                                   SER ESCOLA 

Rosângela silva ( artigo publicado na Revista  www.revistadavila.com.br)


Discutir qual é o verdadeiro papel da escola nessa sociedade em constante transformação e os meios para que ela promova o crescimento dos indivíduos de forma sensibilizadora e provocadora de mudanças que agreguem valores às relações através dos conhecimentos obtidos em seu espaço é um assunto relevante atualmente na área da educação.
Esse é um tema que envolve os educadores compromissados, preocupados em promover uma escola significativa na vida dos estudantes.
A sociedade muda constantemente e a escola que está inserida em seu meio também precisa mudar, pois tem papel essencial na construção de indivíduos críticos, atuantes e produtores de cultura.
No dia a dia, se faz necessário articular os tempos e espaços, explorando materiais diversos, trazendo as vivências para a sala de aula e os demais espaços, criando projetos que promovam situações de aprendizagem e que façam o aluno pensar e construir seu conhecimento na interação com seus pares.
Equalizar ritmos e condições de aprendizagem num espaço que agrega diferentes alunos é um outro grande desafio atualmente para as escolas. Ser uma boa escola é conseguir  lidar com o aluno que grita por aprendizagem com aquele que precisa de estímulos e impulsos o tempo todo.
As novas configurações sugerem novos modelos pedagógicos. É necessário que se construa uma escola com currículo moderno, com propostas que atendam às novas demandas, com um novo conceito de seu papel e função.
Longe de ser a única detentora do saber nos dias atuais, a escola precisa reformar sua crença de única fonte de conhecimento e buscar novas formas de preencher seu espaço modificando as relações entre os indivíduos e a aprendizagem.
De forma prática como ser uma escola com excelência em tempos modernos?
Comecemos pela elaboração da Proposta Pedagógica. Uma boa escola tem clara e definida a sua linha de trabalho, a sua identidade. A partir daí deve aproximar suas intenções e ações, estando sempre pautada no modelo pedagógico criado.
Agir em conformidade com sua proposta pedagógica é o que dá credibilidade a uma instituição de ensino. Uma bela proposta desarticulada das ações cotidianas é apenas um engodo, um disfarce, uma lista de palavras sem sentido real para o processo pedagógico.
A partir daí é preciso pensar em muitas questões…
Como está formatado o sistema de avaliação? Há coerência com o fazer pedagógico diário? Como se faz a recuperação? Como a recuperação é vista por todos os elementos envolvidos? Ela de fato pretende recuperar deficiências ou é apenas cumprimento de protocolo? Ela é realmente pensada e organizada para os alunos e suas dificuldades?
Como são organizados os projetos e eventos? Eles são temáticos? A estrutura deles é condizente com os ideais da instituição? Vai homenagear as mães? Qual ênfase vai ser dada? O formato escolhido está coerente com os princípios da escola e com a  motivação inicial da homenagem? Qual é o intuito da Festa Junina? E da formatura? E da festa de encerramento do ano letivo?
A relação com os pais é aberta? Eles são considerados dentro do processo? Há espaço para atendê-los? Sua opinião é considerada e estudada sem que haja ingerência? Vai fazer uma reunião com pais? Qual enfoque será dado? Qual abordagem inserir nessa conversa?
A metodologia e as ações didáticas estão alinhadas com a proposta da escola ou cada envolvido age em conformidade com suas ideias próprias, desconsiderando a engrenagem pedagógica da escola?
Como a escola vê as infrações cometidas pelos alunos e quais as sanções disciplinares previstas? As ações da escola acompanham os seus princípios de formação integral do estudante? As questões disciplinares são tratadas ou costumam passar sem a atenção dos profissionais? Há preocupação com o tratamento dos casos, visando a formação ética, emocional  e social das crianças  e adolescentes?
Como se faz o acompanhamento da produção escolar? Os materiais produzidos pelos alunos passam por avaliação? Há controle através de amostragens? A prática de assistir aulas é um recurso usado pela direção ou coordenação visando conhecer o “fazer pedagógico” da sala de aula e as ações da equipe? Há feedback frequente aos profissionais a partir das ocorrências cotidianas, visando aperfeiçoamento da equipe e fidelização à Proposta Pedagógica?
Há valorização da produção escolar dos alunos? Como se faz essa cobrança? Que incentivos são dados? Há preocupação em corrigir os materiais? Como isso é feito?
Como o erro é considerado? É visto como referência para o acerto? Uma boa escola costuma avaliar constantemente os erros e acertos promovendo reflexões, aprendendo, estudando os erros e comparando resultados.
Os planos de aula são elaborados e passam pelo acompanhamento da equipe gestora?  Essa avaliação é vista como um caminho de ampliação do autoconhecimento pessoal e profissional dos envolvidos no processo?
Perguntas… Muitas perguntas… Onde andarão as respostas?
Ser uma boa escola é dar encaminhamento aos problemas, acolher críticas e aprender com elas.
Ser uma boa escola é aprimorar metodologias de trabalho dando condições para que o aluno reflita sobre o seu conhecimento e faça-o ter sentido e se encaixar em sua vida.
Ser uma boa escola é atuar para um melhor aproveitamento dos alunos agregando conhecimento e cultura ao cotidiano escolar.
Não há fórmulas mágicas para uma escola estar no caminho da excelência. O certo é que sem trabalho atento, acolhedor, reflexivo, insistente e inovador de todos os envolvidos no processo  educacional não haverá colheita produtiva e nem safra generosa.